Escrito a 7/09/2013
Enquanto o sol nascer, poderemos sempre encontrar-nos nas esquinas da vida. O tempo é cruel e indefinido. Estaremos, é certo, mais velhos. Talvez um dia, ou dois, talvez cinco, dez ou, até mesmo, vinte anos mais velhos. Mas estaremos aqui, a esbarrar-nos pelas esquinas da vida, seja por acaso ou intenção.
O oceano, as palavras e os silêncios que nos separam, perderão todo o sentido e força que hoje têm, quando pelas esquinas da vida nos encontrarmos.
Hoje saio à Rua e vou a largas passadas. Ao passar pela esquina, perco os meus sentidos e encontro amparo no chão. Olho para o lado, e eras tu quem tinhas passado. Ias a correr com toda a velocidade que tinhas. Fiquei atónito, sem perceber o que se passava, quando, de repente, como um baque, brotaram-me do peito por via ocular, réplicas autênticas do Iguaçu. Quando a razão encontrou espaço em meio a tantas emoções, entendi a minha aflição. É que ias a correr em linha recta, e a vida é feita de curvas. Curvas, por vezes tão fechadas, que são quase impossíveis de serem feitas sem abrandar. Tu não abrandaste, e acabaste por te despistar.
Não consigo entender! Por que é que não abrandaste? Acaso não viste a curva?
Hoje, encontras-te no fim dos tempos. E ainda que o sol continue a nascer, e que eu tenha atravessado o oceano, e quebrado o silêncio...
E ainda que, de facto a vida continue, já não temos as esquinas. Já não mais podemos nos tropeçar. Já não mais podemos nos voltar a ver...
Talvez faltasse-te um co-piloto. Talvez, por isso, não tenhas conseguido abrandar para fazer a curva.
Tenho saudades.